top of page

AMADEU TANAJURA MACHADO BIOGRAFIA - CAPÍTULO 2 Atis Tropeiro estava na cozinha. A noite dava sinais de que a luz partia para além do possível. Amadeu acaçapou-se e segurou a rana, que desgirinava-se das suas brânquias externas. Inclinou sua mandíbula em estase para encapsular a luz desnudada de encobrimento. Ele tocou sua porta com a madeira atormentada para avisoiar a face de Tropeiro. Que na sua expressão, refletia a incapacidade de renunciar a sua permanência de estar ali, acravado de ruínas. Na troca de luz, Tropeiro avistou Amadeu: – Menino não fuja. Já está atrasado para me ajudar. Amadeu aborrido, ouviu de sua mãe Antônia Francisca, que Atis era engolido pelas palavras. Sua mãe Antônia dizia olhando para ele: Ouça filho, meu patriarca dos abexins: - Atis Tropeiro cozinha sem exalar uma só palavra. Fala apenas o perguntado. Certo dia, ele recebeu um carneiro para tratar na parte de fora da casa. Jogou água no rosto três vezes. Eu o olhava apertando um vasilhame acutangular. Da quadratura desembocava açucena que não liberava sua permissão de aglutinar. Era início da primavera. A estação anterior vinha de dentro da outra. Essa transformação de ciclo lunar parecia afetar o humor de Tropeiro. A fertilidade deixava sua pele preta mais brilhante. Atis tirou a camisa a sufocar sua permanência ali. A nudez peitoral ressignificou seu semblante. Eu não conseguia sair da janela. Imaginava o que mais ele iria fazer. Quando Atis Tropeiro chegou para trabalhar na fazenda, seu pai me entregou uma carta de adito que quando li tinha um pequeno texto. A mãe de Amadeu desabafa com a boca envermeada - Filho, quando você crescer te conto tudo sobre Atis Tropeiro. Isso intrigava Amadeu. Esperava ansioso a idade avançar para descobrir a mudez daquele cozinheiro. A mãe lembrava parte da carta apenas para ela mesma: - Atis Tropeiro tem uma anatomia interessante. Musculoso e alto. Era um bom caçador nas minhas terras, agora recomendo como um bom cortador de costas. O restante preferiu não ler. Voltou o olhar para seu filho Amadeu que suplicava: - Se você não fala o texto da carta, eu mesmo, vou falar com Atis Tropeiro. Mas nem para ela mesma conseguia relembrar aquela parte da epístola que se assemelhava a divindade Indra, deus do trovão. Amadeu adiava a entrada na cozinha. Mas Atis Tropeiro insistia: – Venha logo menino ou vou chamar Artur. Amadeu de cabeça baixa empurra a porta com o sapato e pula para dentro. Tropeiro está cortando o pescoço do carneiro. Seu braço fica estendido no ar segurando a faca. Ele fala: – Toma menino, você termina. Amadeu um garoto. Agora recebe uma cortante afiada na mão. Brincou com o carneiro no dia anterior. Ali em pé tinha que executá-lo. Amadeu vivi entre os adultos a maior parte do tempo. Sobe no banco da cozinha com a faca na mão. Houve-se o barulho na mesa de madeira. De sua pele braçal jorra o sangue até seu peito. O olho arregalado em silêncio. A dor da traição. Ele mesmo carregou a cesta com a lã que jogava farelo no chão. Amadeu não sentia mais os movimentos de sua mão. Encarcerava a dor de matar o animal que ele ontem brincava. O carneiro de Amadeu se chamava Brumo. Tentou ensiná-lo a vocalizar mais alto para avisar intensão de quem chega. Diariamente acorda e vai ao estábulo falar com seu carneiro – Brumo? Ele abre a porta do abrigo recheado de folhagem. O carneiro vem atrás dele que joga o feno no chão. Amadeu sai correndo e grita: - Brumo, mais alto e o som não sofre alteração. Foi quando Amadeu ouviu a voz de Atis: - Menino termina o serviço logo, vou fazer carneiro ao molho pardo para o jantar. Maria Rute já arrumava a mesa para os vinte trabalhadores da fazenda. Palmas de Embro para a copeira da fazenda. Era saudosa do mês das flores que brotavam nas bromélias. O mês seguinte enfrentou uma severa estiagem. Os funcionários só falavam da água primaveril, pela abundância que contagiava até quem andava na terra dura. A falta de estame das flores atingia aqueles vinte homens em busca de água no corpo. Em busca de estigmas femininas para polinizarem suas partes íntimas. José Camelo se destacava com seu pólen diferenciado. Todo sábado saia `a noite, galopando. Seguia no breu. Confiava no seu cavalo, que já sabia o caminho do aconchego de livramento. E o que diziam pela cidade era que homem que pegava enxada precisava se livrar do fardo. Se livrar da falta dos ventos que sopram nos olhos, que se avermelham de prazer. Esse seu Camelo, certa vez, volta em disparada a cavalo, uma noite de lua cheia. No caminho, as mulheres tapiocadoras ouvem um barulho. Inicialmente com apreensão, pela cavalgada do animal correndo. Mas aí elas ouvem o assovio em forma de canção. As mulheres apertando a fécula da tapioca no pano, gritam uma pra outra - Lá vem Camelo feliz. Êta homem bom, ele nem precisa ir tão longe. Traz sua dor aqui José Camelo, que ajudamos com as féculas das tapiocas. Aparecida cai na gargalhada e depois completa: - Apenas eu, ainda não sou afeiçoada a homem. O amor vai ser todo pra mim. Ela e as amigas caem na gargalhada. A casa da fazenda, Várzea da Capela, amanheceu sem água. Amadeu nem chamou Artur moedor. Já foi descendo para lagoa. Depois de um tempo sozinho chamou o vaqueiro Emiliano, pois a lida lá não era fácil. Ele e Emiliano cavaram um rego até a frente da casa para o gado beber. Amadeu ainda franzino queria ter corpo de homem. Emiliano queria levá-lo para o morro do Tatuí onde os jovens da região viram da cabeça. Amadeu adiava a escalada orientado pela copeira Maria Rute, conhecida como Marru. Ela naquele dia falou: - Esperem o garoto aumentar a própria sombra. Como na hora distante do meio dia. Emiliano respeitava Marru. Tira o chapéu da cabeça como que eliminando aquele pensamento que passava. Marru arruma a mesa de jantar da sala. Olha para a fotografia dentro da moldura de madeira pendurada na parede. Era o rosto de um homem com um olhar profundo, olhar acobreado, que permitia a observadora deduzir que o tempo da durabilidade já estava longe da infância. No quadro vê-se o rosto com uma barba preta. O nome cravado na tela anunciava que ele vinha da linhagem de Amadeu. Embaixo do quadro havia uma caixa de areia com uma espada de metal fincada dentro. Ao lado da caixa havia um papel desenhado na cor lápis lazúli com homens montados a cavalos. Embaixo do vidro o nome escrito em um papel - Coronel José de Aquino Tanajura. Batalha de Pirajá – 1822. Marru se recorda de Eulália tia de Amadeu que costumava reunir as crianças em volta de uma mangueira enorme para contar essa peculiaridade da família. Eulália sempre repetia para a roda de crianças – Era hora do café quando um mensageiro encostou na janela e com a voz grossa falou alto - Correspondência para o tenente José de Aquino Tanajura. O filho de Marru, uma criança de seis anos começa a chorar desesperadamente. O tenente José está de farda. Toca na primeira insígnia de metal em forma de estrela. Neste instante seu olhar vira-se para o espaço vazio. Ele toca na segunda estrela de metal e fecha os olhos. Nessa escuridão imagética, logo surge uma outra imagem, que só aqueles que defendem seu estado em luta armada são capazes de formular. Para o mensageiro, o envelope era apenas uma jornada cansativa. Para o tenente que lê o texto é mais uma tentativa de superar sua agonia interior. José de Aquino, trisavô de Amadeu levanta com as duas pernas dentro das botas. E lê em voz alta a correspondência: - Aqui quem fala é o Coronel Manuel Pedro Gomes. Meu povo baiano, convoco a todos vocês a resistirem, e lutarem contra as tropas portuguesas. Convoco todos os militares para essa nossa grande batalha. O tenente José de Aquino levanta e sai correndo até a caixa de areia. Pega sua espada e sai da casa. Mas antes de montar no cavalo, se depara com o mensageiro que está com uma caixa de madeira em cima de um banco. Pede licença com o olhar. Bate a fotografia. A foto de José de Aquino que está na parede foi tirada depois que sua patente era outra. Seus mortos se reuniam em mais uma insígnia. Amadeu sempre ouve a história de seu trisavô herói de guerra. Desta vez, já com quinze anos, chorou sem ninguém perceber. Tenta imaginar o campo de batalha. O momento em que a perna esquerda de seu trisavô foi esmagada. Amadeu pula com as duas pernas, e com essa sensação, caminha até o carro de boi. Ele e mais três vaqueiros formavam um total de quatro carrocerias. Ele foi o último a chegar. As cinco horas da manhã saíram Amadeu, Artur, José Camelo e Emiliano. Artur moedor era quem carregava mais madeira na carroça. O sistema de arreios ligava o carreiro aos bois de canga. Amadeu fita Artur que puxa o pescoço do boi. Imagino que acham simples essa tarefa. Vejam que ao puxar devemos nos inclinar. O puxar da canga de Artur ia no tempo certo. Escolhe os bois antes da labuta. Lá enquanto acontecia o movimento do ruminar. Ele mesmo castrava o boi e o fazia com reza para acalmar o Zebu. Amadeu, no balançar da carroça sente sua alma alterada. Seu pensamento indo para outro lugar. Era o dia que ele decide subir ao morro do Tatuí. Caminhou a pé e sozinho. No trajeto sente arrepios. Senta no chão no instante de quase asfixia. Está perto da nascente do rio. Queria se despedir do menino que era. Mas não entendia. A água dizia: Nasceste. A terra dizia: Desceste. Ele falou alto para si mesmo: - Caminhar um dia inteiro para alcançar o topo da serra e com o canto de lira me tornar um Adelphi? Ele indignado come pedaços de jaca. Joga os caroços com força no rio e decide prosseguir. Hirohito não se rendeu ao primeiro cogumelo dilacerado. Amadeu ainda não sabe da rendição de agosto. Amadeu tem seu trunfo no bolso da calça. Ele sobe. Evita pisar em kegkos, o círculo da morte. Na subida lembra do aviso de Artur moedor - Na segunda asfixia olhe para cima e fale das súplicas. Neste momento, uma chuva dá uma lufada no seu rosto. Sente a secura da saliva causada pelo medo. Ali parado, ouve o choro de uma criança que vem do lado direito. Ouve o vento forte `a esquerda. Segue pela estrela de Aquino, na busca de esperança e salvação. Caminhando em passos lentos e avistando o céu crepuscular, se depara diante da abertura que leva para dentro do morro do Tatuí. Respira para dentro do seu destino. É um jovem que precisa escolher. Pode voltar pela descida ou entrar na fenda. Os dois caminhos o levam ao encontro de Dédalo, perdido em seu labirinto. Pelo cálculo matemático de ida e retorno, passa pelo arco rochoso e entra. Artur o orientou: - Existe uma pedra dentro do meio da caverna. Chegue até ela. Se incline para colocar o que tem dentro do seu bolso, em cima da pedra. Espere o pássaro Lira com plumagem longa nas cores cinza e azul. Espere seu momento com ele. Amadeu sente o puxar do boi. Já era outro depois que ouviu o canto do pássaro Lira. Sua mão segura a canga do boi Zebu que não pode ser viril por reverso destino. Uns catam as flores, outros tocam os pólens, outros não admitem determinado destino. Amadeu estava ali atrás dos três carros de boi que seguem para fazenda Vale da Boa Sorte. Escurece. Decidem parar para descansar. Amadeu tira o cuchinil de cima do Zebu. Artur prepara a fogueira. Aqueles homens estão sentados em frente a uma serra elevada. Amadeu olha para neblina que o encobre. O canto do pássaro Lira, ecoa nele. Comem carne de bode e deitam para dormir na tenda estendida. Amanheceu com Emiliano limpando o acampamento. De repente ouve-se gritos. Zé tropeiro corre para acudir Amadeu que cai de dor. Artur se aproxima também e pergunta: - A dor é na perna? - Acordei assim. Com dor em umas das pernas. Eles carregam Amadeu e o colocam em cima do carro de boi. Ficou sentado por uns minutos até que falou - Já estou melhor podemos seguir. Os quatro continuam nos carros de boi para o topo da serra. Eles sobem em comboio pela serra das almas. - O que poderia ter lá em cima? Pergunta Amadeu. Artur grita: - Cidade Rio de Contas. Lá tem história do Tenente Aquino. Emiliano pergunta: - Aquele parente de Amadeu que está desenhado no quadro da parede da sala? Amadeu responde: - O que sei é que lá em cima tem minas de ouro. Artur continua - Esses nove kms de serra é caminho de herói pra quem chega até a nascente da cachoeira véu das noivas. Depois da jornada, Amadeu desce do carro de boi tirando o cuchinil da anca do zebu e joga no chão. Tira as botas, a camisa e se joga em cima da pelagem branca encaracolada e macia. Alonga sua perna esquerda como redenção da dor. Depois do descanso seguem caminho. Artur no carro de boi avista um ibirocaim com vacas dentro. Os olhares dessas fêmeas que ruminam viram para as casas de blocos de pedra onde moram os habitantes de Igrejil. Eles encostam os carros de boi. Artur na dianteira bate palmas e grita – Pedro Mandu? Uma mulher com traços indígenas enroscando vasilhame de barro, responde: – Segue pelo carreio. Está na cachoeira, ao lado do Iguatemi. Seguem pelo caminho indicado. José Camilo começa a piar imitando o canto do pássaro jiqui. Ouve em resposta outros pios imitando os pássaros munzuás. Os pios soavam de dois garotos com badogues na mão. Estavam em pé e tinham ao lado balaios de taquara e cipó. Camilo pergunta aos garotos: – Viram seu pai por aí? O garoto responde – Está na cachoeira depois do povoado Descanso dos Crioulos. Amadeu era o último na caminhada. A perna sentida se esforçava para acompanhar os três companheiros que iam na frente. No seu ritmo, apreciava as casas de adobe em cima de calçadas altas para que a umidade não revelasse a proximidade com a terra. Passa pela Tomba do Surrão, onde jovens formam um corredor e conversam no terreno enladeirado. Esses jovens são filhos de garimpeiros de ouro que deitaram com meretrizes. Vivem na dificuldade e no tormento. Com constância presenciam homens com a mão na lamoa dando tiros. `As vezes o alvo acerta uma mão. Amadeu com medo de tapa na testa e de cair de barriga no chão, acelera o passo no meio daqueles que não tem medo do sacão tombado no chão. O medo deu até rima pra quem tem sangue acorrentado. De tão avexado sai correndo a olhar pro chão. Já chegando afobado e pisando em um solo e vegetação de tijuco, vê a cachoeira com volume grande de água despencando a uma altura de 150 pés. Ouve ecos e turbulência sonora que se misturam ao som do desespero que ele passou. Seus olhos se cobrem de névoas brancas que lentamente se dissipam, erguendo agora sim, seu itinerário procurado. Lá estava, ao lado do morro escarpado, os olhos na direção da usina de Pedro Mandu. Ele por ser curioso começa a se acalmar. Se aproxima da única porta que vê e grita: – Alguém aí? Lá de dentro uma voz de homem responde: – Se achegue rapaz, estamos todos aqui. Quando entra se depara com seus companheiros de subida. Pedro Mandu está em volta de um aparelho que conseguiu comprar de um holandês, o único rádio da região. - Rapaz chegue mais, que já vai começar - Diz Pedro Mandu. Liga o rádio. Uma voz anuncia – Com vocês a novela “O direito de nascer”. Os quatro que chegavam de Livramento começam a ouvir eufóricos um dos capítulos da rádio novela. A usina era local concorrido e sempre tinha fila pra entrar. Quando acabou o capítulo, Pedro Mandu desligou o rádio. – Vou colocar a bateria para carregar com a força gerada das águas da cachoeira. Os quatro agradecem pela rádio novela, e saem com as botas nas mãos. A subida era difícil com montanha áspera e pedras deslocadas no caminho. Os quatro escalaram a serra das almas conversando sobre a rádio novela. - Como roubam uma criança que já tinha sido abandonada no convento? Que destino dessa criança. Valha-me Deus. Depois de uma hora de percurso, chegam no topo. Lá no alto, ainda cansados, bebem água enquanto observam a cidade de Livramento. Baixam acampamento. As noturnas ecoam o silêncio das almas. Amadeu dilacerado balança a perna mais afetada pelo seu destino. Sentado percebe o fogo da lenha dos aruaques da serra das almas. Conhecidos como comedores de farinha de mandioca. Eram homens que se reuniam com as mulheres que cantavam o hino de Nossa Sra. do Livramento. Era uma reza pelos filhos perdidos e enterrados lá. A voz das mulheres entoava: - "Sois de todos que sofrem contritos. Transformai a tormenta em bonança, dai amparo e consolo aos aflitos. Desde das serras azuis `a esplanada, nestes férteis rincões da Bahia, sois a todo momento invocada". Amadeu ouve o cântico com tamanha emoção. Em delírio vê a imagem da jovem Urânia Vanério. Aos 10 anos escreveu um panfleto pró-independência. Ela está coberta por um pano preto fino que cobre a cabeça. Esconde os fios castanhos dos cabelos que cobrem seu olho direito. Sua lateral esquerda da face, se volta para ele. Com seu olhar esquerdiado, inclina suas pálpebras para fitar o olhar aprisionado de Amadeu. Saindo do delírio da sua libertação, sente a falta de sangue em sua perna esquerda. Era o encontro de sua alma com a de seu trisavô José Aquino Tanajura Machado. Era o pico das almas a revelar o tormento de gerações. Um que acabara de chegar. Sofria com o sangradouro do destino a percorrer. O outro que sangrou. Já destinado a guerrear no lugar repleto de peixes, Pirajá. Visto que, Coronel José Aquino com uma perna capenga, e a outra sustentada por um pedaço de madeira, subiu na carroça até o cume da serra. O intento era para curar a gangrena da sua perna esquerda amputada. Guerreou em cima de seu cavalo. No glúteo gravado com as iniciais MB. Montado nele tinha uma pistola na mão e um sabre na cintura. A fumaça cegava o cavalo Meia Branca. Desesperado, com os olhos lacrimejantes, joelhos flexionados, empurra a terra estremecida. Com suas patadas relutantes, tenta afastar-se da demoníaca crueldade dos homens colonizadores de almas oprimidas. A cada investida de pólvora contra o inimigo lusitano, partículas de poeiras desenham o pó da dor de homens se matando. Coronel José Aquino, enxergando por intuição, levanta a espada para o inimigo, um soldado português, que para sua surpresa, em diminuto sentido pela guerra, abre o peito e entra no metal cortante. O soldado lança-se na miragem da sua libertação. O ano era 1822. Esses exércitos de homens baianos almejavam a independência da Bahia. O coronel José Aquino com a perna esquerda esmagada e caído no poeirão, foi encontrado com um pano amarrado na patela, e seu sangue gotejando no pano estendido no chão. A trágica mistura de duas batalhas. A de seu Estado e de sua Solidão. Coronel José Aquino com a dor dentro do peito, sem seu cavalo, aturdido em comunhão. O Coronel engarrafava seu sangue na composição de cardeosanto com losna. Amadeu toca em sua perna, e volta seu olhar submerso nas chamas que desencobrem o paredão da serra Geral. Vê-se diante de vidas metamórficas e a insígnia de herói encravada no seu coração. Autora: Patrícia Lume

     Biografia

       
Capítulo 2

bottom of page